terça-feira, março 22, 2005

Mais reflexões rápidas: a vida eterna

Noutro dia o Público trazia uma entrevista com um biólogo que faz pesquisa no campo da longevidade. De tudo o que disse, o mais excitante foi sem dúvida a possibilidade de nos próximos dois ou três séculos a ciência médica estar em condições de prolongar a vida humana indefinidamente (parece-me mais razoável do que afirmar que os nossos descendentes conquistarão a imortalidade). Quantos homens não terão sonhado com isso. Será sem dúvida a maior proeza da ciência, ou mesmo o maior acontecimento na história da Humanidade.
No entanto, quando li isto, descobri imediatamente uma ironia que gostaria de saber se partilho com mais alguém:
A minha posição em relação à pena de morte é de objecção. Há várias razões para a objecção à pena de morte, desde as económicas (pelo menos nos Estados Unidos é mais caro executar uma pessoa do que mantê-la encarcerada para o resto da vida) às de natureza moral. As minhas incluem-se no conjunto das últimas.
No entanto, se amanhã alcançássemos o "segredo da vida eterna", creio que passaria a defender a necessidade absoluta da implantação da pena de morte... Uma inversão total dum paradigma implica um reajustamento de convicções que damos por adquiridas.

P.G in da house!

Se desviarem ligeiramente os olhos para a direita aperceber-se-ão que há um nome novo no blog. A partir de hoje a Ideiateca deixa de ser uma colecção de delírios unipessoal para ser abraçada por uma equipa: eu e o P.G. O P.G é o tal amigo a que fiz referência no primeiro post que aqui escrevi e fico contente por ele ter subido a bordo. Deixo agora o campo livre: que o P.G deixe os seus posts falarem por si.

domingo, março 20, 2005

Mitos (1)

Num post anterior, Não democratizemos a República, nacionalizemo-la, referi que uma certa glorificação de episódios da História de Portugal antecede o Estado Novo. Seja qual for a sua origem, a verdade é que muitos dos mitos que foram sendo construídos criaram raízes entre nós. Desde há 100 anos que têm sido ensinados na 4ª classe e quase ninguém sabe que não são completamente verdadeiros. Nos próximos posts, exporei aqui alguns de que me recordar. O primeiro, e mais antigo, é Viriato.Na mente popular Viriato é o arquétipo do herói português: pastor simples, guerreiro bravo, chefe carismático, amante da liberdade. Sempre com aquela pureza genuína dos "bons selvagens", neste caso, o serrano não corrompido pela civilização romana, cujos exércitos são sistematicamente batidos pelo seu bando de pastores. De acordo com a estátua que dele existe em Viseu, o seu quartel-general seria a zona da Serra da Estrela.Na verdade, o mito de Viriato é quase tão antigo como ele próprio. Já na Antiguidade houve quem quisesse ver nele esse tal ideal de herói romântico, o que reflecte mais as perspectivas ideológicas dos autores do que factos conhecidos. Segundo as fontes da época, Viriato teria tido uma origem diferente da que imaginamos, quase de certeza no Sul da Península, e junto ao Oceano. Era casado com a filha dum caudilho da Andaluzia e, todos os recontros com as tropas romanas que se conhecem tiveram lugar nessa província. Se ele se movimentava tão bem nessa região, parece pouco provável que a sua ligação ao actual território português tenha sido pouco mais que secundária. A dada altura firmou a paz com o governador romano da região e tornou-se "Amigo e Aliado do Povo Romano", mas a guerra recomeçou em breve e Viriato teve que procurar refúgio a norte. Os historiadores pensam que terá sido na zona de Cáceres e Badajoz (muito distante da serra da Estrela ainda...), e enviou sucessivas embaixadas a pedir a paz, até ser assassinado pelos seus próprios companheiros, presumivelmente a isso aliciados pelos romanos. Dessa forma, não só Viriato parece ter muito pouco a ver com o território português (muito menos com a região montanhosa do centro do país), como também não me parece que seja a perfeita imagem dum pastor (de ovelhas e tropas) que corresponda ao ideal romântico. na melhor das hipóteses, não existem dados históricos para afirmar o que quer que seja.

quinta-feira, março 17, 2005

Conclusões rápidas duma vista de olhos pelo Génesis...

No início da história bíblica da Criação o Homem vivia no Paraíso Terrestre em perfeita felicidade. Não havia sofrimento e não era preciso trabalhar. Existia no entanto um objecto estranho estranho no centro do Jardim, a árvore do Bem e do Mal. Como toda a gente sabe, Deus proibiu Adão de se alimentar dessa árvore, sob pena de encontrar a morte, mas a serpente conveceu Eva a comer e a dar o fruto também a Adão (até os animais falavam no Paraíso). Como castigo Deus expulsou a Humanidade do Éden e assegurou-lhes um futuro de sofrimento, frisando bem qual a razão: "O Homem tornou-se um de Nós, conhecedor do bem e do mal." (Gen, 3, 22).
Portanto, até dar ouvidos à serpente, a Humanidade não conhecia o Mal. Mas poderá tal conceito existir sem o seu contrário? Se o Homem não conhecia o Mal, também não conhecia certamente o Bem (aliás, a árvore chama-se precisamente do bem e do mal). Há portanto duas conclusões a tirar:
1) O Homem era feliz antes desta história toda. Para o autor do Génesis, a felicidade é ignorância.
2) Ninguém deve ter um conhecimento tão perfeito do Bem e do Mal como Deus. Será Deus infinitamente infeliz?

quarta-feira, março 16, 2005

"Não democratizemos a República, nacionalizemo-la" *

Eis um excerto dum "decálogo" publicado num livro para crianças há umas décadas atrás. O capítulo onde vem incluído tem o título: "O que Portugal quer e o que espera dos seus filhos". Seria interessante que tentassem adivinhar quando foi publicado e em que conjuntura política.

"1. O primeiro dever de um português é amar Portugal acima de tudo;
2. Ter da sua história um conhecimento perfeito, que lhe inspire um justíssimo orgulho da raça a que pertence;
3. Ter o pensamento contínuo no engrandecimento de Portugal, cada dia perguntado a si próprio de que modo poderá contribuir para a grandeza da pátria; [...]
6. Pensar que a terra portuguesa é não só aquela que habitamos no continente europeu, como toda aquela em que se desfralda a bandeira portuguesa; [...]
8. Educar os nossos próprios defeitos, para que também eles se modifiquem de modo a servir a pátria; [...]"

Creio que será uma surpresa para muita gente saber que esta "patriótica tábua da lei" não é um produto do Estado Novo. Foi escrita nos anos de 1910 durante a I República. A título de curiosidade, a autora é Ana de Castro Osório, pioneira do feminismo em Portugal.
Ao contrário do que muita gente pensa, a I República não era um modelo de virtudes democráticas e tolerantes, interrompidas pelo 28 de Maio de 1926. A nação repulicana esperava devoção absoluta dos seus cidadãos, e não era raro a imprensa afecta ao novo regime chamar de traidor à pátria todos os críticos do governo. Numa ocasião a multidão tentou linchar um indivíduo que se esqueceu de tirar o boné enquanto tocava o hino. A guarda evitou o pior, mas não teve dúvidas em prendê-lo por desrespeito.
No espírito do 2º ponto enunciado acima, a Repúlica encarregou-se de criar uma gloriosa lenda para Portugal, introduzindo a propaganda moderna no país. Foi nesta época que se redescobriram os painéis de S. Vicente, que se criou o mito de Camões, que se louvavam as artes e costumes tradicionais portugueses. Chegou-se ao ponto de representar nos manuais escolares D. Afonso Henriques a combater os Mouros com a bandeira verde e vermelha...
Salazar e o Estado Novo nunca teriam conseguido fazer vingar a sua visão da "Pátria" e da História sem o trabalho de casa que os seus opositores políticos lhes fizeram o favor de fazer alguns anos antes.

* Frase atribuída a Guerra Junqueiro.

segunda-feira, março 14, 2005

Esse est percipi

Em todo o mundo existem dezenas de conflitos armados, dos quais a maior parte decorre no interior das fronteiras de países com facções rebeldes, enquanto o número de conflitos entre estados é, desde a II Guerra Mundial, o mais baixo da história das relações entre estados-nações.
Para conhecermos os episódios, actores e vítimas desses conflitos dependemos quase em absoluto dos repórteres de guerra que as televisões, jornais e agências enviam para as zonas de combate. Todos os anos existe uma guerra que é mais mediática que as outras, quase sempre aquela em que o exército dos Estados Unidos está envolvido. Na guerra do Iraque estiveram presentes mais repórteres do que em qualquer outra guerra da História, e ainda assim, de todas as imagens mostradas diariamente nas televisões só cerca de 15 a 20% tinham sido recolhidas por repórteres de imagem nesse dia. A maior parte eram imagens de arquivo, de dias anteriores ou fornecidas pelo próprio Pentágono.
Manter um repórter numa zona de guerra não é nada barato. Entre despesas de alimentação, viagens, alojamento, subornos, material de reportagem, aluguer do satélite, etc., cada repórter gasta em média centenas de euros por dia. Devido aos custos, falta de interesse mediático ou de pessoas dispostas a cobrirem guerras mais... "selvagens" que a do Iraque, existem guerras que passam quase despercebidas aos nossos olhos e ouvidos. Só as grandes agências como a Reuters ou a Associated Press conseguem cobrir um grande número de conflitos simultaneamente.
Sem ninguém para registar e contar as suas histórias, as suas tragédias e os seus mortos, os milhares de vítimas dessas guerras discretas em lugares remotos é como se não existissem. Muitas vezes nem sequer são um número numa estatística qualquer.

domingo, março 13, 2005

Horóscopo do dia 13 de Março de 2005

Neste momento está a nascer um bebé algures. Enquanto decorre o parto, neste dia 13 de Março de 2005, os planetas Marte, Vénus e Júpiter estão respectivamente a 260, 256 e 678 milhões de kilómetros de distância. O médico que assiste ao parto está a apenas alguns centímetros: a força de atracção entre si e o bebé no preciso instante em que este abandona aquele que foi o seu mundo nos últimos meses para entrar no que o vai acolher nas próximas décadas é da ordem da milionésima parte dum newton (N). 1000 vezes maior que a influência de Marte, 100 vezes maior que a de Vénus, uma a duas vezes maior que a de Júpiter, um milhão de vezes maior que a da estrela mais próxima do Sol.

sexta-feira, março 11, 2005

O mais delirante elogio a Mourinho de que me consegui lembrar

Agora que o Mourinho já não está no Porto e continua a arrecadar vitórias em Inglaterra, a unanimidade em torno da sua figura é indiscutível. Ele é o melhor treinador do mundo, ele é o campeão da táctica, ele é o mestre do jogo psicológico, ele é o imaparável português que mete os ingleses no lugar, e muito brevemente o mundo inteiro com eles, ele é o homem mais cool de Londres, ele é o homem que Portugal devia ter ao leme, ele é o homem que todos os homens deviam ser e o homem que todas as mulheres deviam ter. Enfim, não há nada que o Mourinho não faça, não há ninguém nas redações dos jornais (quaisquer que eles sejam, desportivos, generalistas, semanários, vespertinos, de economia, cor de rosa, etc.) que não mencione o Mourinho nas suas crónicas e artigos pelo menos uma vez por mês, quando não uma vez por semana, seja qual for o tema dos mesmos. O cúmulo são os comentadores dos jogos de futebol do Chelsea: admira-me que ainda não tenham oficializado a nova fé religiosa com o Mourinho no altar e eles próprios os seus auto-propostos vigários.
A Ideiateca junta-se agora ao coro de elogios ao português mais famoso do Mundo (o Eusébio que se deixe de ideias).

Os irredutíveis do Chelsea jogam no estádio de Stamford Bridge. Em 1066 Harald Hardrada, rei dos noruegueses, invadiu a Inglaterra pelo Leste com o intuito de destronar Harold, último rei saxão da Inglaterra. Estava tudo a correr bem quando chegou a Stamford Bridge, onde foi surpreendido pelos locais e não só foi derrotado como encontrou aí a morte, graças à táctica bestial do seu inimigo. Antes da batalha, o arauto dos nórdicos perguntou a Harold que concessões estava disposto a fazer, e que tinha para oferecer a Hardrada. Respondeu: "Seis pés de terra inglesa, e como é tão alto, mais um."
Também o Mourinho, que já teria sido aclamado rei pelos seus se a Inglaterra não tivesse já uma raínha, replicou antes da batalha: "Enquanto treinador o meu currículo é brilhante, e o do Rijkaard é zero". E em Stamford Bridge acabou também a aventura forasteira dos visitantes (só é pena o lamentável erro histórico de serem espanhóis e só terem um nórdico, que ainda por cima é sueco e anda lesionado).
Nesse mesmo ano, Guilherme O Conquistador, duque da Normandia, atacou pelo sul, destroçou o exército de Harold e tomou o trono para si. E assim criou o perfeito cenário para a maior proeza que o Mourinho poderá cometer: é que na próxima eliminatória, o Mourinho não se vai deixar intimidar pelo novo invasor e, caso vença, terá destruído o ciclo da História e iniciado uma nova era!!!
Espero é que depois disso os jornalistas compreendam que qualquer acontecimento empalidece ao lado deste, e deixem de de repetir aquele irritante "Estamos a viver um momento histórico!" em metade das reportagens em directo no Telejornal.

quarta-feira, março 09, 2005

Deus joga ou não joga aos dados?

O advento da mecânica quântica (MQ) sugeriu uma revolução científica de tal magnitude, que ainda hoje é difícil perceber as consequências desse novo paradigma. Basicamente a MQ destruiu o determinismo, isto é, a relação linear causa-efeito que edificou a ciência moderna, e os próprios físicos que a construíram passaram muitas horas de desconforto intelectual a olharem para os paradoxos que eles próprios criaram.
O princípio fundamental da mecânica quântica, uma teoria de extraordinário sucesso e sem a qual o mundo moderno não seria o que é, é o princípio de incerteza. Não é possível determinar simultaneamente a posição e o momento duma partícula, e que quanto maior precisão quiser para uma das variáveis, aumento a imprecisão da outra. E então? Bem, isto significa que não posso prever o passado e o futuro com uma precisão de 100%, mas apenas uma probabilidade do sistema assumir um determinado estado. No limite, existe uma probabilidade não nula de me atirar contra uma parede e atravessá-la sem a derrubar, como se ela não estivesse lá, por mais absurdo que pareça.
Então, se a natureza do universo (quântico?) é a imprevisibilidade, significa que este é fundamentalmente aleatório, e temporalmente irreversível. Para a mente determinística de Einstein, esta conclusão pareceu-lhe absurda, e daí o célebre "Deus não joga aos dados".
Que implicações filosóficas tem então um universo quântico? Em primeiro lugar não existe determinismo, o que não augura muito futuro para a ideia calvinista da Predestinação.
Em segundo lugar, parece que Deus joga mesmos aos dados, o que talvez não o deixe muito bem visto. Uma vez que o Universo evolui ao acaso, Deus não sabe o que vai acontecer, logo não é nem omnisciente nem omnipotente, ou no limite prescindiu da sua omnipotência. Quer isto dizer que o livre arbítrio existe? É difícil dizer que sim, porque nestas circunstâncias estamos dependentes duma lotaria que não controlamos, pelo que a liberdade de que dispus para escrever este texto é uma ilusão. Afinal a reversibilidade temporal não existe, o que seria a única maneira de provar que o livre arbítrio é real...
Uma possível solução para o problema teológico é que Deus apenas determina o princípio de funcionamento da máquina, ou seja, Deus controla os processos, as leis da Física, mas não tem qualquer poder sobre os detalhes. Pessoas mais optimistas do que eu julgam ver nesta formulação a solução de todos os problemas: ao abster-se de emitir esses juízos, Deus deu-nos a liberdade de agir dentro das linhas gerais que definiu, e até introduziu factores aleatórios para tornar a vida mais emocionante. É o triunfo da ideia do Relojoeiro Universal.
Mas não será legítimo pensar que se Deus determina os processos, ele é parte intrínseca do Universo, mesmo que se queira dizer que o controla de fora, e não havendo causalidade, então ele não tem verdadeiramente vontade própria. Então antes tinha e agora já não tem?...

Voltando à Física, as tentativas de unificar a MQ com a Relatividade Geral de Einstein ainda não deram frutos. Ambas são sólidas e obtiveram confirmações retumbantes, mas de certa forma anulam-se uma à outra. Portanto, terá que haver uma teoria unificadora num plano superior. A consequência é que a MQ não é então uma teoria completa. No espírito da Teoria de Cordas (a tentativa mais avançada de unificar a Física), a hipótese é que a nossa consciência só consegue discernir uma projecção específica do universo, e essa é a nossa limitada realidade. A aleatoridade do universo é a projecção de uma realidade determinística superior. Há aqui um dedo de Platão, ou é só impressão minha?

sexta-feira, março 04, 2005


Recrutados num continente longíquo para lutar por causas que não lhes diziam respeito, mataram e morreram como milhões de outros homens na "guerra para acabar com todas as guerras".
Quando ouço os fetichistas de trazer por casa da guerra, olho para esta fotografria para tentar perceber o que são as trincheiras, as bombas, o sofrimento, a angústia de estar lá. Não preciso de imagens chocantes de corpos despedaçados ou ruínas fumegantes. Basta-me olhar para os olhos destas pessoas.
 Posted by Hello

Kind of Blue



No dia 2 de Março de 1959 Miles Davis, Bill Evans, John Coltrane, Cannonball Adderley, Jimmy Cobb e Wynton Kelly reuniram-se numa antiga igreja convertida em estúdio para gravar uns esboços em que os dois primeiros andavam a trabalhar. Foi só no próprio dia que Miles lhes disse o que queria e, sem ensaios, tirando partido do génio músical desta reunião de talentos, e usando apenas um take para cada tema, gravaram Kind of Blue. Mais tarde, Jimmy Cobb disse que só pode ter sido gravado no céu.
Kind of Blue é o melhor álbum do mundo.

Tombou um gigante

Enjoado com a palhaçada que é o futebol pátrio, por vezes até me esqueço que o futebol é o "belo jogo", e que tem uma história rica e interessante. Entre os maiores da bola está sem dúvida Rinus Michels, seleccionador da Laranja Mecânica holandesa, e de certa forma, o homem que inventou o futebol moderno. Morreu ontem aos 77 anos, mas eu que sou fã do jogo, nunca me esquecerei dos jogos das suas equipas. O futebol devia ser sempre jogado assim...

quinta-feira, março 03, 2005

Habemus blog!

Depois de 3 minutos a olhar para o ecrã a pensar qual seria a primeira palavra deste capricho (se tanta gente tem um, porque não eu também?), e por enquanto um projecto difuso (mas para quê é que eu quero um?), decidi-me pela palavra depois. O mínimo que se pode dizer é que não é um início que indicie um destino grandioso para este blog, mas pelo menos assim não há ilusões à partida.
Como também não há ilusões sobre o seu objectivo ou assunto principal: nenhum. Ou pelo menos, nenhum de que me lembre agora. Bem... talvez uma série de comentários incoerentes sobre o que me passar pela cabeça, e que ache que até era giro irem parar ao blog.

Ultrapassada esta penosa introdução, à guisa de disclaimer, justifique-se o título: Ideiateca de Bagdad. Espero que os parágrafos anteriores retirem qualquer espectativa que ainda resista à vista deste título pomposo. Não estou à espera de vender ideias (ou sequer de as produzir em grande número), nem tão pouco falar do Iraque com frequência. A Ideiateca de Bagdad (a expressão, não o site) nasceu numa conversa com um amigo e deveria ser o título dum conto escrito em conjunto. Como os mais atentos talvez se tenham apercebido, a sua origem é uma variação do título dum outro conto, A Biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges.
E aí sim, haveria ideias e falar-se-ia do Iraque. Como muitos outros projectos que não dispensam um copito para nascer, também esse (ainda) não deu em nada. Para aliviar o embaraço, recicla-se agora a expressão como título desta página, já que foi apenas o que me ocorreu quando estava a criar o blog.
Uma vez que a paternidade também lhe pertence, ainda hei-de convidar esse meu amigo a a partilhar a pena (será que esta expressão faz algum sentido aqui?).

Quanto a mim, não me parece que haja alguma coisa a dizer. Na blogosfera, vales pelo teu último post...